Três fadas sonharam que não sonharam com três pardais poisados nos cabos do telefone.
Os cabos, pedurados entre os postes plantados junto à estrada, balaçavam com o vento, embalando os passarinhos de papo cheio.
As fadas continuavam a sonhar despreocupadas.
Lançou-se, então, uma das avezinhas, em voo vivo, batendo as pequenas asas em grande afã.
Ficaram lá dois, poisados no balanço dos cabos.
As fadas acordaram do sonho que não sonharam e olharam para o ar azulado do céu limpo.
Viram a dança contra o cenário.
E cresciam as asas do pardaleco voador.
Cresciam e cresceram sem esforço, até que ficaram grandes, largas e abertas.
O bichito deixou de se ver entre elas e o céu ficou tão coberto que também se deixou de ver atrás delas.
Eis senão quando, uma das fadas saltou para os cabos do telefone e se sentou ao lado dos dois passaritos que lá tinham ficado.
A fada encolheu tanto que pardal se fez e, o voador de asas, agora, grandes aterrou ao pé das outras duas fadas.
Fechou as asas.
O céu abriu de azul novo.
O pássaro , de pássaro nasceu fada e, de novo, as três adormeceram em sonho que não sonha com os pardais poisados nos cabos do telefone.
Os cabos continuaram a balançar com o vento, embalando os passaritos de papo cheio.
Amanhã haveria mais.
Valdevinoxis
A boa convivência não é uma questão de tolerância.