Ela mora
na casa amarela,
e à tardezinha,
vem à janela
de frente à viela,
para uma olhadela
no por do sol
e no movimento
da rua singela.
Ela mora sozinha,
então se acautela,
desliga a panela,
coloca a chinela,
fecha a fivela,
tranca a tramela,
quando vem à janela.
Ela mora sozinha,
e não se atropela,
se acotovela
no coxim da macela
e ouve tarantela
quando vem à janela
ver se vê passar
alguém que sirva
para amar.
Alguém
que venha da viela
com um cravo na lapela
que de uma piscadela
mas saiba que é donzela
e quer ir à capela,
antes de cair em esparrela.
" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."