Pai, amor de minha vida, onde estarás neste momento? Não tenho a certeza onde te posso encontrar, para esta carta te ser entregue.
Mas irei até ao universo para a levar. Não sei quando mas sei que voltaremos a nos abraçar, e dizer o que deixamos de dizer.
Hoje, é apenas mais um dia, em que surgiu a saudade de ti, da tristeza do que não te disse, talvez por cobardia. Não sei.
Quero que saibas, que sempre foste o amor de minha vida, e em minha vida.
Por vezes o teu olhar, me amedrontava, me indicava que ia chegar uma tempestade, outras vezes me acalmava e anunciava a bonança, tu sabias bem disso! Esse olhar que chegava dos teus olhos cor de mar, diziam tudo o que diriam teus lábios, se deles saísse as palavras.
Tu eras meu amor especial, tinhas uma beleza interior, que fazia inveja a muita gente.
Sociável, bem disposto amigo de todos, e todos te respeitam e admiram, ainda hoje é muito gratificante ouvir falar de ti, és o meu orgulho.
É melhor hoje falar de nós, antes que este tempo, também se esgote no tempo. Da saudade que tenho de ti, do quanto dói meu coração, pela tua ausência.
És, e sempre serás, o homem de minha vida. Embora não me recorde do teu amor demonstrado abertamente, quem me dera que o tivesse visto, como se fosse um livro aberto, sentia que me amavas, claro que sim!...Era um amor envergonhado, escondido, talvez com receio dos tempos, esses tempos que o pai não o podia mostrar.
Como os tempos iam mudando, tu: Graças a Deus acho que sem te dares conta talvez: foste mudando aos poucos, por essa tua mudança, eu tive a felicidade de ainda sentir teu afago, tuas carícias em meus cabelos já brancos, o beijo dado com mais fervor, mais há vontade, parece que tinhas perdido o receio, de algo que eu nunca entendi.
Mas nunca me disseste eu te amo---Talvez já fosse pedir-te demasiado. Será?!
Sabes eu não te escrevi só esta carta, escrevi muitas outras, que rasguei e as dei ao vento.
Outras escrevi em pensamento mas também elas voaram, mas no tempo. Mas ainda te disse o que por ti sentia.
Sei que sabes e sentiste o quanto te amei, e quero dizer-te mais uma vez, que sempre estarás em meu coração, és meu amor eterno.
Ainda tive coragem, sim!!! Parece mentira, mas era a minha realidade, precisei de coragem, mas disse-o. EU TE AMO MEU PAI !!
Só não sabia que há quatro anos atrás tinha que ser eu a te ver morrer, que tinha que ser eu a tratar do teu funeral, que tinha que ser eu a escolher o teu caixão.
Pai não leves a mal, mas a mãe não tinha forças para o fazer, e os manos não tiveram coragem.
Mas não me perguntes nem tu nem ninguém como o consegui fazer… mas fi-lo com o coração dilacerado.
Pai a promessa; eu tenho cumprido de cuidar da nossa mãe o melhor que posso e sei.
Leo Marques
1/05/2012