O Sol é agora um tempo de jejum em mesa farta.
Recolhe-se a medo, serpenteado no vermelho do xadrez
Na renda alva e pontilhada
No ponto simétrico desenhado com mil cuidados numa agulha sem farpa.
Realizo: Um pau, uma laça, duas malhas elevadas e de novo o aconchego brando do tecido,
o algodão ardente de noites demarcadas entre luzeiros de espuma e plenitudes de bruma.
Da pontilha na toalha, a teia, que se abre do baixio ao cume do monte.
A Lezíria alagada num Tejo sempre menino e ao cimo o rio, e o mar, e um mapa por se encontrar.
Velejam-se faluas leves.
A vinha vindimada no Outono de ser palavra adormece exausta nas cepas retorcidas, sem folhas e frutos e acorda de novo em veias de seivas robustecedoras.
Permanecem registos de granizo nos telhados, nas janelas de vidros fragmentados e nas pistas matizadas.
(E nas orlas dos carreiros… por onde o vento não passa).
Afundo-me no poema e na palavra, indiciada no rebusque de mim, tela inacabada, na cor e no cheiro. Talvez seja amarelo, avermelhado. Ou quiçá translúcido.
Aguça-se a alma ao toque assíncrono de flores já tão mirradas, no túmido de pétalas desguarnecidas em queda solta.
Soçobram-nos sentenças, sempre mendigas, e delas, todas as dúvidas, todas as perplexidades de um tempo ambíguo, de cantos reclusos, vacilantes.
Equidistantes os nossos passos e a dança que nos dança, navegantes, na pele do vinho mosto, no ébrio do desejo, deste que estala em arroubos desmedidos a crosta dura da encosta, em assomos frementes d’ansiedades. Toda as manhãs, todas as tardes …
O Sol é agora um tempo de jejum em mesa farta.
Caminhamos nas mãos deslaças, bebemos o ópio de um verde-salsa em veredas d’hortos vacilados ao carisma irracional de um trato.
Velejam-se faluas leves num tempo de um verbo que se não escreve.
MT.ATENÇÃO:CÓPIAS TOTAIS OU PARCIAIS EM BLOGS OU AFINS SÓ C/AUTORIZAÇÃO EXPRESSA