O carinho de anos levam no peito...
Rugas, criaram juntos.
As dores apareceram também...
O desgaste do corpo acontece dia a dia
Chega um ponto, que nada adianta mais:
É viver bem, o que ainda se tem...
As palavras doces combinam com as compotas de frutas...
Ela faz.
Na beira do fogão, sorri
Escuta um barulho na porta da cozinha
É seu velho companheiro que entra por ali.
Senta-se na cadeira, já com a madeira bem gasta pelos anos
Nunca trocaram a mobília, sempre foi a mesma desde o casamento.
Coisas que trouxeram, ali ficaram, e o sentimento nostálgico daquela época, reviviam...
Era uma cumplicidade, de toda uma existência!
Sorriem juntos, choram também...
Caminham de manhã pelo grande quintal,
Molhando flores, "aguando matos", como ele diz
Depois, voltam para a cozinha
Tomam finalmente o café da manhã
Regados a leite ou mingau
Café, pão e queijo.
Entre uma coisa e outra, um beijo...
Carinho, não enruga, como sua pele.
Amor, não sai do coração!
Beijos podem ser dados, ainda que com cabelos grisalhos...
Cumplicidade, fortalece!
Esse é o fim, que cada um de nós, merece.
A colcha de retalhos, ela mesma costurou.
Cobria seu velho companheiro,
Antes de finalmente se deitar
E 'afofar' seu travesseiro.
O cãozinho e o gatinho, também são seus companheiros:
Deitam-se com o casal, tão logo percebam o silêncio da noite.
Aos pés deles, ficam quietinhos...
E na madrugada fria de inverno,
Cada um se esquenta no calor do outro,
A colcha, é apenas um detalhe.
Fátima Abreu