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Transversal | Publicado: 27/04/2012 03:06 Atualizado: 27/04/2012 03:06 |
Membro de honra
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Re: Quinto Evento
estava a ouvir Ramones, quando li o evento quinto, pensei em Shakespeare, Pessoa, até em Quintana (todos escreveram sobre suspeita), mas não, tinha de ficar em casa, e sem mais comentários:
"Começa por uma suspeita se não te importas, depois indaga-me, mas não me ates.Desarma-me a começar nos pés e a acabar nos olhos. Revista-me todo.Se encontrares provas deste amor, faz-me carimbar os dedos no papel, faz-me assinar por baixo, fotografa-me com outros, mas não me ates.Imputa-me crimes, faz de mim um serial-killer, mas não me culpes pelas facas, há muito que andavam cravadas em mim e nem notaste.Se te dói a alma compra um cão, mas não me ates. Como poderia depois fazer amor com a página, gerar filhos no seu útero de fel?Andam por aí a dizer que o poeta roeu a corda, fugiu com a contorcionista mais as cobras numa bicicleta de arame, mas não ligues.Se tiveres coragem, arma uma tenda de circo com o que restou de nós e pega-lhe fogo. Salva os palhaços para memória futura.Mas por favor, não me ates.Nem que me mates." "O amor é um tema batido" José Ilídio Torres "Os sinos dobram pela Liberdade" José Ilídio Torres "Há um poeta enforcado no campanário Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não Serve o seu corpo frio de contrapeso Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não A corda esticada num pescoço operário Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não E nas calças um pénis bem teso Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não Junta-se o povo em burburinho Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não Mais as carpideiras e os cangalheiros Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não Umas choram, outras gemem baixinho Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não Outros fazem contas aos seus dinheiros Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não E o poeta mais morto que peru Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não Mas altivo nessa morte sem igual Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não Tem escrito no peito, a tinta-cru: Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não - Fodei-vos! Liberdade não é coisa banal Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não - Podeis meter a minha morte no cu! Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não - Que eu nunca morri afinal! Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não" |
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