Afaga a madrugada
Um ventre imaculado
Nas tardes em que o sol
Trepa o rio
E fica do outro lado das casas
As luzes apagam-se
Sempre à mesma hora
Olho os reflexos na água
Que se aquieta e alonga-se
Num céu tingido
Onde o luar é sôfrego
Por uma noite só
Ouço-te no caminhar das águas
Que correm silenciosamente
Pelo meu corpo
As gotas ficaram paradas
Num ponto morto
Onde os meus olhos se fecham
E a tua sede
É una no meu peito
Deixa-me saber-te aí
Para um encontro
Nos sonhos
Que deixámos
Há muito tempo
Esquecidos
(2009)