Transluz unissonante o horror da sala de tortura,
as aflições, os martírios, os tormentos da criatura,
estão abertos os portões do inferno nos arredores,
transpirando agonias, muitos padecimentos e dores.
Na tribulação manifesta era forte o cheiro de morte,
ali no chão tisnado de sangue, da ruína o consorte.
Ele tentou não chorar, porque era grande o suplício,
não tinha ideia do que era a dor, sequer um indício.
Mas sabia que existia a ele uma pena, um malefício,
que consumia as carnes tenras num raro sacrifício.
Ele gritava como caindo num abismo, num precipício,
nada mudava, restava real como verdadeiro hospício,
E o auspício de perder a razão era reles desperdício,
perdida a consciência acordado era com vil artifício.
Pressentindo o final decidiu suportar a desventura
livrar-se da vida, pois dela não temia a ruptura,
não procuraria mais os meios para evita-la, enfim
então seria submisso, mas decidido, sentindo o fim,
invadindo o corpo ferido, dissipando o medo sonante,
realizando o auspício esperado da vida agonizante.
by ArysG@ioVani