Sonetos : 

Pós volúpia

 
Ah, esse silêncio incômodo ainda.
Corta qual navalha, rompe, dilacera.
Ah, essa imensa dor que não finda.
Triste desconsolo, estúpida quimera.

Ah, esse semblante exangue que me encara;
A dura e sisuda efígie triunfante.
Ah, essa ferida aberta que não sara.
Intrépido ardor, febril e lancinante

Que sempre se impõe, imenso obelisco
A arranhar meu céu. Infame primavera
Que flora o jardim, mas nunca meu Saara.

Queria adormecer à sombra de um aprisco;
Livre da injúria rude dessa fera,
Longe do relógio audaz que nunca pára.


Frederico Salvo


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FredericoSalvo
 
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