Mulheres ao Vento
(Mauro Leal)
À sombra da solitária morácea das folhas que nutrem os bichinhos-da-seda
e das infrutescência carnosa a cor em vinho
que atraem aos galhos fininhos os sanhaços e os beija-flores roxinhos.
Recostam, pernas se cruzam, reiniciam os contos das fantasias no sexo,
dos corpos sarados, das formações, das alegorias, dos princípios das bagatelas,
das conspirações, do mínimo dos mínimos, das feridas sangrentas,
da criação, da admiração, da banalização da vida, e dos valores inversos.
Ultrapassam os limites e divergem no fútil, no óbvio e no elementar
com primazia e presunções infundadas a sobrepujarem.
À flor da pele se repelem e sobrancelhas e pernas
se erguem, enfurecem como as abutres hienas famintas,
e a céu aberto se estranham, desgastam, e se perdem
no precioso tempo que não voltará.