O tempo e o espaço não existem, até porque ainda não foram criados. A luz e a escuridão confundem-se, duma forma que os sentidos humanos não podem compreender. Tal como o frio e o calor; o amor e o ódio; o bem e o mal; o espiritual e o físico e todos os opostos deste mundo misturados, naquele momento que é criação.
Não era humano nem espírito, também eu era criação. Não estava limitado pelo mundo físico, todos os níveis de existência estavam ali, no momento em que tudo era criado. Numa noite luminosa, fascinante, em que nada existia e tudo era criado.
Não sei como vim aqui parar, talvez seja uma lembrança, talvez uma alucinação, um devaneio, uma loucura…
Oiço uma voz que me pergunta: - Estás a sonhar?
Respondo: - Não sei, acho que não…
- Porquê?
- Tenho em mim sentidos que não consigo compreender…
Senti a voz sorrir e perguntar-me: - Sabes onde estás?
- Na Noite dos Tempos… - Respondi.
“Para amar o abismo é preciso ter asas…”