Poemas : 

O assassinato do afinado galo Mauro I

 
O assassinato do afinado galo Mauro I
(Mauro Leal)

Nos galhos frágeis da goiabeira
o seu dormitório fazia,
e no crepúsculo de tão feliz que vivia,
de seu bico em tom de um "Sol ainda Maior" a cantoria abria,
festejando com muita alegria o amanhecer de um novo dia.

Numa dessas madrugas com os seus audíveis e incansáveis cucurucus,
uma insensata e importunada criatura foi assustadamente acordada
quando ainda a estrela d'alva brilhava.

De ceroula e armado com vassoura,
saiu em seu encalço no sapatinho, escondidinho, rentinho ao paredão
e com uma cravada paulada por cima da crista pontuda,
silenciou o galo cantor da escuridão,
e já à luz do dia sobre a terra sangrenta e sobria,
uma triste tragédia no quintal se via,
o corpo do galã-amado rei do quadrado com requinte de crueldade foi encontrado espichado,
com sua exuberante crista gigante e os bicos afiados, esfacelados, despenado e com o gogó de ouro quebrado.

 
Autor
MauroLeal
Autor
 
Texto
Data
Leituras
859
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Transversal
Publicado: 17/04/2012 05:11  Atualizado: 17/04/2012 05:11
Membro de honra
Usuário desde: 02/01/2011
Localidade: Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
 Re: O assassinato do afinado galo Mauro I
"De ceroula e armado com vassoura,
saiu em seu encalço no sapatinho, escondidinho, rentinho ao paredão
e com uma cravada paulada por cima da crista pontuda,
silenciou o galo cantor da escuridão,
quando ainda a estrela d'alva brilhava"

no que deu os "audíveis e incansáveis cucurucus". Gostei imenso do seu texto. Obrigado.

Abraço-te