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CANTIGA DO AMOR EFÊMERO

 
CANTIGA DO AMOR EFÊMERO
 
Um crime, se me permites,
leitor, revelar-te-ei:
a mais linda das mulheres
eu, insensato, magoei.
Por breves, diáfanos dias,
foi-me ela a Sherazade
que, em sonhos de mil e uma noites,
corporifiquei.
Amou-me. Também a amei.

Mas sem desculpa plausível,
fleumático, inacessível,
ontem a noite, (que noite!)
assim, sem mais e sem menos,
a diva, a lívida Vênus,
eu para sempre deixei.

Por certo que chora, ela,
como estrela de novela,
no cenário em que atuei.
O “script” não trazia
tão abrupta cisão.
O meu velho coração
já, por fim, petrificou-se,
desiludiu-se, não sei...

Já, por fim, pesa-me, imensa,
essa aonírica noite
na qual, mesmo à luz dos dias,
para sempre me embrenhei...



Sergio de Sersank
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http://sersank.blogspot.com

(Da coletânea "Estado de Espírito", de Sergio de Sersank)

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Sergio de Sersank
 
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Enviado por Tópico
Transversal
Publicado: 16/04/2012 03:10  Atualizado: 16/04/2012 03:10
Membro de honra
Usuário desde: 02/01/2011
Localidade: Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
 Re: CANTIGA DO AMOR EFÊMERO
deveras "um crime" magoar
"este meu coração, petrificou-se,
desiludiu-se, não sei,
também a amei, por breves, diáfanos dias
pesa-me outra noite"

e nestes "sonhos de mil e uma noite" corporificados, mesmo efémeros, nasce um belo texto. Obrigado.

Abraço-te


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 16/04/2012 11:54  Atualizado: 16/04/2012 11:54
 Re: CANTIGA DO AMOR EFÊMERO
SEU POEMA É UMA VERDADEIRA CANTIGA DE AMOR, BELO