Finjo que sou poeta, para consolar meus soluços
vivo presa na guarda de um só olhar
minto com garras de leão.
Finjo que a verdade é princípio já no fim
que todas as coisas são quimeras
que ultrapassam a fria razão.
Finjo que acredito na madrugada, na noite
Enevoada por palavras sem transparência
E tanto finjo que dou por mim
cortar aos pedaços o coração.
Finjo que estou louca, porquê esta loucura?
Se tenho nas minhas mãos sombras
de cansaço ardente, fogo preso
neste dormir acordada, sem solução.
Finjo que sou poeta porque quero morrer
Todo o amor que é sangue,quente
que na minha alma gela.
Airam