Chegarei tarde ao encontro marcado,
cabelos já grisalhos. Sim, suponho
por ter-me agarrado à primavera, enquanto
via você subir de sonho em sonho.
Carregarei essa amargura – por largo
tempo e muitos lugares, de penedos
a praças (como Ofélia – sem lámurias)
por corpos e almas – e sem medos!
A mim, digo que viva; à terra, que gire
com sangue no bosque e sangue corrente,
mesmo que o rosto de Ofélia me espie
por entre as relvas de cada corrente,
e, amorosa sedenta, encha a boca
de lodo – oh, haste de luz no metal!
Não chega este amor à altura do seu
amor ... Então, enterre-me no céu!
Marina Tsvetáieva, poetisa russa, poema traduzido por Décio Pignatari.