Sou curto de vista,
Só vejo até ao meu horizonte,
Mais além não,
Mas, como pista, não falta quem
Muito me conte das delícias do Além!
Eu ouço, com muita piada,
Quem do Além muito sabe
Mas de si pouco ou nada!
Sou curto de vista.
Quem me fez não quis
Que visse além da neblina,
Acho bem,
Porque, qualquer esforço
Pode provocar o descolamento da retina!
Melhor é ver só até ao nosso horizonte,
Não mais além,
E não ter de ouvir, poucos,
Quem julga que muito sabe do Além
E muitos, que nada sabem,
Dizerem ámen.
Eu não.
Eu do além fico sempre aquém!
Silvino Figueiredo
“O Figas de Saint Pierre de Lá-buraque”
Figas