As horas tantas de uma erma madrugada
Concretiza-se o bailado do morcego sobre meu esquife,
Não haja sido eu anjo lado nem vil patife,
Mas o sebo apodrece a cerne e a deixa nacarada.
Durmo na eternidade dos segundos o sono infinito,
Talvez sonhando um sonho que jamais seja revelado,
Nem mesmo sei se tenho anfitriões antepassados
Ou se ali adormecido tenha para sempre me perdido.
Nefastos pensamentos oram por meu incerto destino
E deixam no ambiente o peso de seus desatinos
Que gangrenados aromatizam a essência dos seus pudores...
Chega-se o instante de me abandonarem à cova rasa
E dos meus olhos endurecidos uma lágrima vaza
Quiçá lamentando tétricas consciências que foram meus amores!