(Posto aqui mais uma vez este poema com as últimas e definitivas modificações feitas)
Bocas desmaiadas,
De sono escancaradas,
Viajam de volta para casa
Avenida afora,
Enquanto
Cabeças pendidas,
Em sonolência contrita,
Dormem o sono dos justos
Nessa hora
Que se prolonga
E devora
O resto do dia
E das horas,
Onde vogam
Antigos destroços
De outrora,
De viagens,
De tratados, ilhas
E tordesilhas,
Tantas linhas,
Santas cruzes
E arcabuzes
A perpetrarem
O vilipêndio
De missas,
Estandartes
E incêndios,
O tormento
Dos massacres
E de um mar
Infindo,
De quem não conseguiu
Regressar
E que hoje,
Sem canto ou narrativa,
Retorna para casa,
À deriva,
Em meio a vagas
Que aportam,
Em chamas,
As frotas soçobradas,
Lâmina
Que inflige
A chaga escusa,
Ibero-americana,
De toda uma raça chacinada,
Os becos e logradouros
De ocaso,
Esquecimento e atraso
Que não encontram
Escoadouro.
Ps: poema modificado após ler o belíssimo "Um dia quebrarei alguns ventos do norte."