<br />E isso é tudo
O que nos vai ficando
Já, dos índios.
A exótica visão do cacique Raoni
Que quando a cidade com os seus visita,
Acha em nossos olhares
Um assombro curioso de turistas.
E as histórias dessas tribos
Metidas nas selvas,
Que parecem ignorar todavia
Até a chegada de Cristovão Colombo.
E vivendo tão perto de nós,
Pisando o mesmo solo,
Se nos voltam cheios de lendas.
E despreocupadamente
Fazem sua vida às costas
Desta civilizada vida nossa.
E a notícia breve,
Fatal, como um flechaço,
Do mutirão que espera a chegada dos brancos
Que virão colonizar sua terra
E empurrá-los mais para além.
E mais nada, mais nada...
Penachos de plumas destemidos,
Ídolos, flechas velhas ...
Objetos de museu,
E lendas, e lendas ...
As vêzes uns olhos
As rugas de uma cara,
Nos dizem que ainda circula entre nós
O sangue, a alma, da velha raça.
Quando penso estas coisas
Desperta em mim o grito
De uma raiz profunda, de uma remota dor.
E meus cabelos pretos,
Minha pele branca, meus olhos ...
Sinto vergonha dêles
Como de uma traição !
Rui Garcia