Ele espera a morte sem sofrimento,
Pois de sofrimento ele se criou.
Os seus olhos cavos e o emagrecimento
É o transbordamento do seu interior.
Secaram seus reflexos na água,
Sua sombra lhe repudiou.
Tão colossal e suprema é sua mágoa
Que o tempo que mata não a trucidou.
Fugia das vozes que negavam a deus,
Mas agora seu deus lhe abandonou.
Seu coração se arrefeceu,
A crise do eu o rompeu e alterou.
Suas quatro fases de frio e deserto
Congelam além de seu ego.
Congelam os corpos que estão por perto,
Gelam os órgãos internos.
O seu sofrimento físico e psíquico
É em alto grau doloroso.
O anseio de por fim ao seu desgosto
É visto como ato ilícito.
Todo o prazer de viver
Fez questão de morrer em seu lugar.
Não há mais lugar em seu ser,
O que os olhos podem ver são a dor e o penar.