Minha Mãe,
vem embalar-me
com flores azuis e borboletas brancas.
Vem dizer-me que me olhas,
que me escutas,
que sabes destas dores
e desta vida.
Minha Mãe,
houve um dia em que tive medo
e quis ocultar-te
o sofrimento,
porque o sofrimento
era de espanto
de surpresa
e desespero…
Tão pesado que foi…
Tão dorido que é…
Tão medonho será…
Minha Mãe,
vem embalar-me com flores azuis
e borboletas brancas.
Urgentemente,
necessário e preciso,
é ter-te ao pé de mim
e reclinar no teu regaço
esta cabeça tonta,
estes olhos de água congelada,
este sorriso morto,
esta face torcida,
este gesto negado.
Minha Mãe,
não te pergunto pelo que tens e sabes,
apenas peço:
- Vem embalar-me com flores azuis e borboletas brancas.
Está só a tua filha,
e é urgente,
necessário e preciso,
reclinar no teu regaço
esta cabeça tonta
de coração partido,
e seu juízo.
Inédito – Maria Helena Amaro
Braga, Maio de 2010
http://mariahelenaamaro.blogspot.pt/2012/04/carta-minha-mae.html
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