Soube pelas canções do espelho que era como era, novo e velho, de pranto e espera ditos em lados diferentes... o de cá e o de lá. É assim que se vê. Aparecem-me raízes nos ramos para evitar a terra seca, mesmo ressequida, dos dias que fogem quando tento crescer no passado.
Raízes? Raízes! Deveriam ser rebentos e são raízes.
Nas letras das canções, falo de baladas e poemas sobre pescadores e furacões reflectidos no mar, de escadas para o céu, da música e da cura para a liberdade que me vê sempre numa imagem feito de praias de areia polida... tão loura e polida que se exige à imaginação que absolva o hediondo crime da secura.
Haverá neste desejo sem corpo uma aproximação entre mim e a assombração? Talvez. Talvez em cantes de terras distantes que aceitem raízes na sua forma mais natural.
E lá me fogem os dias... todos os dias. E sim, fogem sim! Fogem desarvorados, em corridas desalmadas, em idas fugidas que se sentem na carne... essa já pendente e dependente.
Tudo isto se passa à volta do sol, que se cobre e encobre por cantares espelhados, velhos entretidos a perseguir as estrelas da noite. São, lá no fundo, flores vivas e convivas que vão sempre morrer um dia destes. São sempre cores derretidas e escorridas à procura de um leito liso que não as absorva. São lágrimas sem sal que se desviam da cara que as deixa passar.
Diria um dia ou direi ontem ou disse amanhã, que já não sei nada de construção e, assim, opto pela desconstrução, pura, das canções que me choram o choro como se damas madalenas fossem.
E inverto a música.
Valdevinoxis
A boa convivência não é uma questão de tolerância.