Em profunda contemplação
estava o mestre absorto,
quando um de seus discípulos,
de súbito, começou a arremessar
pedras no lago.
Despertado de sua meditação,
o mestre cofiou a longa barba,
virou-se lentamente
observando o distraído discípulo
Todos ficaram
na expectativa de uma reprimenda
mas, o mestre dirigiu-se
ao inquieto discípulo
tocando-lhe levemente o ombro.
Ele pasmo, surpreso
por estar sendo alvo
de todos os olhares
diz ao mestre:
"ah, perdoe-me não tive a intenção..."
O mestre lhe interrompeu
com um aceno positivo,
de quem lhe compreendia
e disse-lhe:
"estás vendo aqueles círculos
concêntricos na águas plácidas do lago?"
Ao que ele aquiesceu
com a cabeça,
um tanto quanto,
envergonhado.
"Então, observe que os círculos
irão rapidamente desaparecer.
São "pegadas" na água que
nem mais indicarão para onde
foram os seixos lançados".
"Certo, mestre", afirmou o discípulo.
Pois então, retornou o mestre.
"Venham todos aqui
e observem estes seixos
espalhados pelo chão..."
Digam-me, o que eles significam
para vocês?
Um intenso silêncio
Permitia ouvir o silvo
da brisa fresca que
chegava ao final do entardecer.
Todos ainda estavam pensativos,
O inquieto discípulo deixou cair
as pedras que estavam
na palma de sua mão
Como todos ficaram emudecidos
O mestre cofiou de novo a barba
Olhou para o horizonte longamente
E depois abaixou-se e pegou alguns seixos
E disse:
Sabem para que servem os seixos?
Servem para pavimentar o caminho
São sinais para orientar o andarilho
São pegadas que deixamos para os
que virão depois de nós.
As pedras são necessárias
no meu, no teu, no nosso caminhar.
Então, não jogues as pedras ao léu.
Tudo tem uma função, um papel a cumprir.
AjAraujo, o poeta humanista, refletindo sobre as coisas da vida. Parábolas do mestre e seus discípulos.
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