Consome-se quem a deseja,
sem aplacar a volúpia que lampeja,
corrói o corpo, a alma dilacera,
contorce-se quem a venera.
Então, debaixo do pé esquerdo,
no bífido e tosco casco torcido,
eu prendo você como capacho,
para que em tudo seja servido.
Pela força deste vil despacho,
que então em nada não esbarro,
eu prendo seu corpo, amarro,
e mantenho você agora minha,
pela força feroz e daninha,
das sete almas condenadas,
pelas forças tamanhas emanadas,
das águas de escórias entornadas,
eu prendo sua vontade, amarro,
nos riachos de rude e áspero barro.
Deles percorra o fundo de lodo,
chafurdando voraz no limo,
não se livre desse incômodo,
jamais receba um tênue mimo.
Pela força do casco torcido
de fenda bem no meio partido,
sossego não tenha, paz não veja
jamais tenha êxito nesta peleja.
Mantenho você minha agora
pela força bestial e ferina
que grassa e campeia lá fora
essa força que tudo domina.
Pois se contorce quem a deseja
inflamado, queima de muito ardor,
incendiado de tanto e intenso amor,
e quer aplacar a volúpia que lampeja,
que a vontade então destrói,
a alma dilacera, o corpo corrói,
consome-se só e só se desespera
quem tanto e só muito a venera.
by ArysG@ioVani