“Sou mestiço”, grita um pintor de paleta acesa,
“sou mestiço”, me gritam os animais perseguidos,
“sou mestiço”, clamam os poetas peregrinos,
“sou mestiço”, resume o homem que me encontra
na dor diária de cada esquina,
e até o enigma pétreo da raça morta
acariciando uma virgem de madeira dourada:
“é mestiço este grotesco filho de minhas entranhas”.
Eu também sou mestiço em outro aspecto:
na luta em que se unem e repelem
as duas forças que disputam meu intelecto,
as forças que me chamam sentindo das minhas vísceras
o sabor estranho de fruto encaixotado
antes de atingir sua madurez de árvore.
Me volto no limite da América hispânica
a saborear um passado que engloba o continente.
A recordação desliza com suavidade indelével
como o distante tinir de um sino.
Ernesto Che Guevara, médico, ícone da luta libertária do povo cubano e de outros no mundo. Aqui uma face pouco cohecida. poética do grande líder.