Meu dia santo de fé se foi – Lizaldo Vieira
Meu santo milagreiro
Tá de férias
Foi-se
De mala e cuia
Já era o dia de milagres
Resposta pra todos os pedidos
Dos tempos
Em que o santo era de casa
Forte
Mesmo de barro
Eram milagres pra todos os lados
Com certeza
O santo nosso de cada dia
Vivia de prontidão
Bastava jurar de pés juntos
Mãos postadas
Juelhos dobrados
No chão
Olhos fechados
E o milagre
Era só detalhe
Chegava no estalar dos dedos
Com bom resultado
Pro assunto implorado
Hoje
Com o passar dos tempos
Era do computador
Cibernética
Informática
Mudou o enredo
Parece segredo de cigana
O bendito
Só quer saber de gps
Sigilo bancário
Nome grampeado
Cpf
Seguir os sinais dos tempos
Nada pro pecador
Que espera aflito
O perdão dos pecados
O santo do dia em que nascemos
Esquece que temos direito
Por uma boa sorte
Tudo é bola para o azar
Até acordar cedo
Com pelo sinal
Pé direito na estrada
Rezar o credo em cruz
E todas as aves Maria
Pedir socorro
A todos os credos
Pois todos são caros
Tem mais valia
Santos e santas em greve de fome
Contra o homem
Nem chite para a penitência
Eufrásia
Fulgenteia
Manuel
Maria
José
Gaspar
Baltazar
Belchior
Aparício
André
Ocasiono
Malaquias
Nem mesmo
O anjo que me guarda
Dia e noite
Noite e dia
Tem direito a folga
A ordem é marcar audiência
Esperar qual o mês
E dia da semana
Ele pode atender
Ao pedido de superação de dor
Má sorte
Cala frio
Dividas com o cerasa e spc
Muito levo a crer que algo que se revele eterno
Doivino
Mudou de estação
Adus socorros pra da vida
Quando se revela
Eterna paixão
Pelo pecador
Evaporou
A caridade estremada
Mesmo para os de consciência pesada
Gorou
Bate uma tristeza danada
Nessas horas
De pedidos em vão
Só pau
E toco
No fim do caminho
Depois de tantos dias prostrados
Sem resposta alguma
Pore todo caso miado
Fim do cerimonial
Sem nada pro pecador
Tem jerito não
Ajeito o picuá
Sem reza de despedida
Sem catimbó
A fé nas contas do rosário
Esperança desanimada
Nas crenças
Das certezas dos milagres
Adeus patuás
E assim
Se vão meus dias maus vividos
Tal qual canto da perua
De pior a pior
Na vida de um só
Mias um dia de pá
Nem bem
E nem má
Só deus na causa
No sentir desmotivado
Em desalento
Condenado
Desajeitado
Poe sentir-se abandonado
Sem mesmo saber se vivo está
Só resta pro desinfelizs
Rogando ao Pai
Como pedido final
Tu és tudo o que eu preciso
Nessa hora de estrema necessidade
E abandono desolador
Salve deus
Nas agruras desta vida
Do deserto de amor
Dá-me força na fadiga
Protege-me ó pai
Guarda-me
Por ser pecador
Sem saber ao final
Qual o mal que fiz
Q U E S E D A N E C U S T O d e V I D A - Lizaldo Vieira
Meu deus
Tá danado
É todo santo dia
O mesmo recado
La vem o noticiário
Com a
estória das bolsas
Do que sobe e desce no mercado
De Tóquio
Nasdaq
São paulo
É dólar que aume...