Sou carregado em ombros por um bando de estrangeiros
As palmas fazem-me sentir como se tivesse comido borboletas.
Dou por mim a bater os pés em ritmos nada militares.
Fecho os olhos e o Tempo some-se...
Aqueles que só o meu Ouvido conhece levam-me áquilo que sempre lá esteve.Os Sons por si só são um Mundo á parte.Gasoso talvez etéreo mas sem dúvida algo que muda toda a realidade circundante.
O meu sorriso parece esculpido fazendo dalgum modo lembrar um jacaré depois de lauto repasto.Os escanzelados braços fazem frenéticas coreografias que provocam inesperados sorrisos.
O chão aquece e os meus pés parecem ganhar vida própria.
Numa louvável tentativa de ascenção marcam no solo os simbolos da vida.
Shiva a um canto sorri. Explosões de cor ocorrem dentro de mim e agora a Solidão é a minha melhor amiga.
Volto a mim e não quero abrir os olhos.Não,não vou abrir.
Um sorriso congestionado por uma vontade de chorar as mais belas coisas.
Ganho coragem e volto á terra. Encaro alguém amado e tudo acaba bem.
Nos nossos olhos moram mais que palavras e a certeza de que o melhor ainda está para vir faz-nos sorrir com cumplicidade.
A música pára e a gravidade da Vida volta a pesar-me nos ombros
A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.