Eis novamente a chuva.
Tão velha quanto o tempo.
Desejada ou talvez não.
Mas sempre fresca, renovada e invasiva.
A Terra estática, mãe, útero, recebe-a de braços abertos
Não receando nunca as consequências de tal aceitação.
Aguardando apenas o fechar deste ciclo e o iniciar do próximo.
A Terra buscando, estática, a Vida e a Morte de igual modo.
Eu, pedra rolante, quero-a com todas as minhas forças.
Observo atentamente o que me rodeia na esperança de A encontrar.
Mando calar a Vida na ânsia de ouvir na brisa os rumores duma voz desconhecida. Perfeita...
Mas não, os gritos, os vivas, os hurras e urros, os gemidos, as palavras...tudo isto me parece velho, gasto, conhecido.
Coloco as minhas mãos sobres as tuas, tremendo na expectativa de algo novo. Mas não, velhos prazeres e embaraços, nada mais.
Contas-me a tua estória enquanto as lágrimas escorrem pela minha cansada face.
Desejava uma Perfeita Desconhecida.
Encontrei uma conhecida imperfeita.
Novamente uma escarninha vontade de rir vem do fundo de mim.
E rio, rio a bom rir enquanto fujo uma vez mais.
Guardando somento o desejo da Perfeita Desconhecida
Novembro 2003
A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.