Os sentidos e o tempo não enganam, estou a ficar mais velha, mais sábia e arrojada. Doida por fora mas por dentro as alfaces continuam verdes e as maçãs não caem da macieira. A minha doidice está cada vez mais liberta, os outros cada vez mais sérios, sim estou cheia de lindas palavras, onde a verdade circula de mãos dadas com a serenidade.
Hoje, quase mais uma vela se calará no meio da multidão de velas apagadas pela vontade de amar, de ter tempo para navegar nas nuvens do contentamento.
Hoje, outro galo cantará aflito na caminhada para a vida, pois a morte estará muito além, ocupada com outros afazeres e eu não tenho tempo para pensar nela. A vida sim, essa deixa-me extasiada, sem fôlego para ver os tempos que criei, quase só é certo, mas são bons frutos que deixarei quando o sorriso se apagar.
Não vou, já disse que não vou falar de coisas que não estão por aqui, só das verdades dos anos que passam e largam pó na minha essência e hoje quase mais um para carregar a vida.
Mais uma verdade, mais do que um azar bateu na porta do quarteto, mas os sorrisos levaram a melhor, não estou parada, nem de mal com a tristeza, sempre pensei que podia ter sido melhor, com mais afinco tinha sido tudo tão diferente, tão mais doce, tão mais terno que até dói de pensar.
Enfim, mais um ano quase se completa e eu espero o novo, com tenacidade, apesar da cama desfeita, da porta fechada, da vontade esquecida, mas a janela está aberta para mais tempo, para mais verdade e os silêncios serão memórias bem alegres.
Carolina