Balança os pés
na beira do cais,
sobre as rutilantes águas
o poeta.
Olha até não poder mais.
Sabe que este corpo já não aguentará
a próxima viagem.
Há muito que se deixou ficar por ali
a saborear a beleza de algum pensamento
ou a escoar-se nele
por ele,
através dele.
As palavras já não servem o seu intento.
Nem nunca serviram
agora que se detém.
Em vão.
Foge-lhe de novo o pensamento.
Não sabe,
qualquer ruído ou cor
ou outra coisa qualquer,
são agora o seu ar e o seu sustento.
Impossíveis de agarrar.
MRLEAL - 4.4.2012
Incipit...