Vida feita...
nem sempre perfeita,
nem sempre acabada;
vezes sem conta recomeçada
sem nunca perceber certas questões,
cheia de dúvidas, hesitações,
cheia de gorados futuros, esconjuros...
Um cheiro a morte paira no ar
a vida está a findar,
sem nunca a ter vivido;
um sonho adormecido,
sem nunca chegar a acordar
sentados ,estão dois idosos
num banco de jardim...
de mãos entrelaçadas, abraçados,
à espera do fim...
Uma morte anunciada,
uma vida complicada
que parece não caber ali
naquele banco de jardim...
Paira um cheiro fétido no ar,
assombra a morte, convidando-os a entrar...
A luz ténue vai desaparecendo,
a escuridão vencendo
que o fim está já a contar...
as horas, os minutos, os segundos...
um breve intervalo, um interlúdio;
minutos profundos de despedida,
dessa singela e inóspita vida
a que estavam habituados
a vida que não deixaram,de verdade,neles, habitar...