Sonetos : 

Página em branco

 
Secura nas páginas de viver
encontra-se em todas as vidas,
a humidade não se pode escolher,
e molhadas são histórias divididas;


Nem que chovessem aguaceiros
Ininterruptamente, a vida toda,
que a chuva fosse mares inteiros,
que a chuva passasse a ser moda.


Secura aí mesmo onde se pára,
o que devia estar sempre unido…
Melancolias, desertos, despedidas;


Onde a vicissitude se torna mais clara,
quando tudo parece estar perdido,
festejamos o deserto das nossas vidas.





Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

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Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
Tânia Mara Camargo
Publicado: 09/11/2007 19:24  Atualizado: 09/11/2007 19:24
Colaborador
Usuário desde: 11/09/2007
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Mensagens: 4246
 Re: Página em branco
Rogério excelente teu poetar, páginas em branco, lacunas, às vezes há secura naquilo que deveríamos
viver. Beijos!

Enviado por Tópico
Paulo Gondim
Publicado: 15/11/2007 00:45  Atualizado: 15/11/2007 00:45
Membro de honra
Usuário desde: 12/11/2007
Localidade: São Paulo (com o coração no Nordeste)
Mensagens: 449
 Re: Página em branco
É o que sempre digo: com poeta português não se brinca!
Que tema difícil de ser explorado e o poeta aí se saiu muito bem.
Pior que é assim mesmo... Nem sempre a chuva é capaz de fecundar um solo hostil.

ParabénS, Rogério! Convido-te a ler "NOSSO CASTIGO", uma constatação da secura que descreveste.

Grato por comentar "ADÃO E A COSTELA".