Quando criança sofri horrores
Com histórias que hoje são lendas,
Vivia anestesiado por tantas sendas
Que estava sempre enfermo e sem amores.
Lembro-me de que havia o bicho-papão
Que sequestrava meninos para o fígado comer...
Eu me apavorava, via isso comigo acontecer
E uma taquicardia ribombava meu coração.
Noutros tempos apareceu o homem de sebo
Que andava nu e em cujo corpo bala não entrava,
Para aumentar meu pavor a perna cabeluda perambulava
Pelos telhados a fim de roubar e meter medo.
Assim cresci entre papa-figos e outras ilusões,
Hoje os bichos são as drogas que destroem as gerações!