Um bom par de tomates
Estava resmungando
Vaidosas das alfaces
Acabam sempre sachando
Um canteiro de segurelha
Mais um de hortelã
Outro de pepinos anões
E uma magrela romã
Vaidosas e anafadas
Alfaces são para saladas
Pezinhos de coentrada
É um petisco dos deuses
Mas como anda tudo á molhada
Foram-se aos chouriços cem vezes
Chouriços são bons com favas
Ou então no cozidito
Alfaces suas manhosas
Dão o dito pelo não dito
Miudinha na salada
Alfaces verdes fresquinhas
Uns tomates às rodelinhas
E um rabanete gingão
A acompanhar a favada
Com umas rodelas de chouriço
Um naco de bom pão
Faz um petisco dos deuses
E um arroz de feijão
Com jaquinzinhos fritos
Ou então uma tomatada
Com pimento verde e vermelho
Tudo colhido na horta
Do fórum cá do reino
Dá um banquete celestial
Regado com azeite virgem
Para sobremesa, um pastel
De feijão encarnado
Do quintal do lado
Concorrente dos enchidos
Assim vai o nosso fórum
Com dizeres empedernidos
Por favor não levem a mal
Mas gosto de brincadeira
Pica-me na barriga a cevada
Sempre que penso asneira
E pronto tempero com sal
Digam lá se faz favor
Se não sou bem-mandada
Mandaram-me fazer rimas
Fiz umas tresmalhadas
A culpa foi da enxada
Que trouxe as raízes ao de cima
Pensei que era couve-flor
Era a tripa dos enchidos
Ai jesus que fedor
Há horas que estou aos espirros
Agora para terminar
Esta salada russa
Basta acrescentar
Um copo de água da infusa
Antónia Ruivo
Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.
Duas caras da mesma moeda:
Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...
Re: «« Banquete no reino da fantasia ««
Mais textos
Rss do autor
Estatísticas
Enviar
Imprimir
Criar um pdf
