A luz concede sentido á visão,
Mas eu enxergo no escuro onde não há sentido.
Não há coisa sã em minha carne
E nem em meus olhos aflitos.
Concedeste misericórdia
À miséria do meu coração.
Mas tua luz trouxe discórdia
Alimentando minha escuridão.
Em teus olhos enxergo insígnias
De fulgor, amor e verdade.
Eles são duas pedras ígneas
De intensa claridade.
Em que consiste a tua essência
Eu desconheço, não sei dizer.
No entanto tomo por referência
A esperança do nascer.
Não quero eclipsar a tua luz,
Escurecer tua visão.
Meu distanciamento traduz
O que falta em meu coração.
Queres meu calor,
Mas meu corpo está tão frio.
Sentes sede de amor,
Mas meu corpo está vazio.
E em nosso desencontro,
Eu me encontro,
Me assombro
E me encanto.