Alvoradas que se fundem nas tardes que se fazem noites
No rodopio do tempo que voa nas asas dos minutos!
Suspiros feitos ais de amarguras
Dos instantes sofridos no calor dos dias!
Lutas insanas pela conquista do desconhecido
E no frio das noites que se calam nas dores,
Dos estômagos esmagados,
Pela carência de luas aconchegadoras,
Que mitiguem a secura das bocas fechadas,
Pela revolta da injustiça que paira,
Nas nuvens que não alimentam as cidades!
E em cada pôr-do-sol, vai-se a esperança,
Da mudança das cores que irradiavam das árvores
E perfumavam os olfactos dos sentidos adormecidos,
Pela tristeza do constante escurecer em choros de crianças!
Lágrimas contidas nos rostos ressequidos
Lamentos surdos nos silêncios que doem!
Soluços emudecidos pelas águas
Que correm nas suas almas secas,
Gritos sufocados nas gargantas sem voz!
Olhares que se perdem em olhos mortiços,
Pelas visões de futuro incerto,
Ou preocupante certeza da ausência de futuro!
José Carlos Moutinho