Esta carta tu não a lerás.
Serão minhas as palavras
Que jamais possuirás escritas
As sombras rondam a sala
As canetas secam na gaveta
O papel envelhece vazio
Como escrever-te amores
Se nada somos no hoje?
Perdôo o passado sem rancores
Os dias passados perdoados
Por descuido, de ti esvaziados
O Meu amor dói em mim
quando sorri feliz sem mim
Distante dos meus olhos
O amor dança febril
Anjos arrancando penas
rodeiam minha cela
Farejando suicídio
Assestam cabeças nas frestas
procurando carta-despedida
Deixa o desejo te procurar
nas noites escuras sem porvir
Deixa o coração testemunhar
as tantas loucuras por vir
Deixa a boca roçar gemer sorrir
Morder as coxas e se molhar
enquanto o mundo faz dormir
os que vão se acorrentar
Esquece essa coisa toda
que afronta e desperta
O amor era um tempo
Que passou na janela
Passou, acabou.
Amor é arte de moço
É um passo do poço
Amor não cabe em celas
Onde anjos se descabelam
À espera de uma carta
Que nunca termina
Fogo brando cozinhando
Pax et lux