Caminho. Sigo ziguezagueando
cego e mudo; deixo, nas marcas dos meus passos,
tão-somente os rabiscos da minha vida...
Vida tragada no labirinto dos adeuses...
Vida solfejada no gotajar das lágrimas...
Vida triturada na espera da aurora permeada de sonhos...
Caminho. Feliz e infeliz, sigo
longe das horas... todo dado
aos atalhos que recortam no caminho
a vida, esta aventura errante,
este mal necessário...
Mas, no caminho, desconheço
o abismo peçonhento da tristeza...
Erro na santidade do vento
que me leva alto, junto às nuvens,
onde cantam os estribilhos do tempo...
Caminho, tecendo com flores e estrelas
o pano branco que um dia tremulará
na solidão e na agonia do último suspiro,
como a mesma alegria que houve
quando um dia no sonho de amor dos meus pais,
eu nasci... rabisco do destino dado ao caminho...