![Open in new window](https://fbcdn-sphotos-g-a.akamaihd.net/hphotos-ak-xfp1/t1.0-9/10450744_726461244057874_9045115704611883240_n.jpg)
Para o meu coração basta o teu peito,
para a tua liberdade as minhas asas.
Da minha boca chegará até ao céu
o que dormia sobre a tua alma.
És em ti a ilusão de cada dia.
Como o orvalho tu chegas às corolas.
Minas o horizonte com a tua ausência.
Eternamente em fuga como a onda.
Eu disse que no vento ias cantando
como os pinheiros e como os mastros.
Como eles tu és alta e taciturna.
E ficas logo triste, como uma viagem.
Acolhedora como um velho caminho.
Povoam-te ecos e vozes nostálgicas.
Eu acordei e às vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam na tua alma.
![Open in new window](http://www.luso-poemas.net/uploads/img4f417b4d581a9.jpg)
Pablo Neruda (1904-1973), poeta chileno, Nobel de Literatura, In "Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada"