Poemas : 

[escutei / pela orelha de van gogh]

 
escutei
pela orelha de van gogh
a força da mandíbula
de cesariny
enquanto ascendia
com a descida
do absinto de jarry

e fui por aí a pregar
a pregar
em todas as paredes da memória
em todos os desertos do meu tempo
o sermão do antónio
até à viela
onde o chinês continua
ah saudade
a vender gravatas

e se esgravatas
ó poeta
em busca de uma formiga
que substitua a cigarra
nas coisinhas
como direi
comezinhas
do dia a dia

e a dias a mulher
que não veio
resmungas
ficou no piquenique
não do cesário
mas do lautrec
mais de danças que de panças

e o poema
esse pobre coitado
ia por aí
na voz das meninas do eliot
conversando
sobre miguel ângelo

e nós sem o ópio
do pessanha
sequer um par de megafones
do álvaro
nem a mosca dilecta do alexandre

nós aqui
olhando para a tv
e
mesmo sem saber
rezando
para que o futebol não nos traga
como futuro
o viagra prometido


Xavier Zarco


Nota de Rodapé: utilizando imagens de outros poemas de minha autoria, pelo que se trata de um exercício de auto-plágio.

 
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Xavier_Zarco
 
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Enviado por Tópico
Felipe Mendonça
Publicado: 19/03/2012 13:45  Atualizado: 19/03/2012 13:45
Usuário desde: 01/12/2011
Localidade: Rio de Janeiro
Mensagens: 541
 Re: [escutei / pela orelha de van gogh]
Ótimo trabalho, Zarco. Um auto-plágio que não deixa de ser um exercício de reflexão e diágolo com a própria poesia e, por que não, também com a de outros autores. Se mepermitir, gostaria de postar este poema num blog de poesia com o qual contribuo. O endereço é

http://po-de-poesia.blogspot.com

Grande abraço e sucesso.