Encontrei teu corpo maltratado e esvaído em sangue
À beira de um lamaçal pantanoso ao longo da estrada,
Sob tuas vestes rasgadas vi tua vida malograda
E teu futuro ceifado por mãos homicidas de temível gangue.
Senti profundo arrepio ao deparar-me com medonha cena,
Meus olhos choraram a infelicidade de tua desdita,
Tua morte calou-me fundo uma sensibilidade que precipita
O amor embutido em mim e que agora perdido despenca.
Como pude omitir em mim um sentimento que me devora?
Como pude abandonar-te em tão obtusa e difícil hora?
Foi o medo de amar-te e de entregar-te minha alma...
Resta-me endereçar teu ataúde ao seio da terra,
Afugentar os abutres que rondam tua sepultura lá na serra
E deixar cair sobre ti as lágrimas que meus olhos deságuam!