A dançarina rodopiou diante do espelho
E vi meu rosto rubro, deveras vermelho
Por uma saudade que consumia minha solidão.
Em seus movimentos espertos e sensuais
Havia uma carência que me perturbava demais,
Pois era um inconfundível retrato do meu coração.
Terrível angústia acomodou-se em minha mente
Ao perceber que aquela música era amargura,
Diante de um bailado e de uma agitação pura
Fui plagiando os rodopios assim de repente.
Fui levada a dançar no ritmo do figurino
E pude atravessar ruas e cruzar esquinas...
Como gostaria de ser a insensível bailarina,
Despedir de mim a tristeza e bailar sorrindo!