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O leão e a leoa
Estávamos chegando numa pequena cidade do interior com poucos habitantes. Todas as pessoas ficaram olhando curiosas e amedrontadas para nós e nossos quatro olhos olhando assustados para elas. A leoa chegava a ameaçar ataque se sentindo encurralada, enquanto eu apenas observava com meus olhos gateados o movimento das pessoas.
Desde pequenos, nós fomos criados pela estrelinha que estava sempre ao nosso lado, dando carinho, atenção e por incrível que pareça, mesmo sendo felinos ferozes a amávamos demais, fazendo dela a nossa estrela.
Ultimamente a nossa estrelinha andava namorando um estranho que nunca vimos no circo. Eu sentia alguma coisa errada nele, pois deixava a estrelinha sem brilho, deixando-a triste e distante de nós.
Como sempre, ao chegarmos a uma cidade era um trabalho intenso e desgastante para deixar o circo pronto. No espetáculo, eu e a leoa fazíamos um número com a estrelinha, porém ela parecia triste e abandonada pelo homem estranho, que vivia pelos cantos com ela e agora sumiu, desapareceu e a abandonou.
Tudo pronto! O circo está montado e colocaram uma grande faixa escrita:
“O show da estrelinha e os leões ferozes”
Eu olhei para a leoa e lambi o rosto dela, adoro lamber o rosto da leoa e ela gosta tanto que se aproxima para levar outra lambida.
O circo estava lotado de espectadores e todo enfeitado com bexigas coloridas formando um ambiente lindo e acolhedor. Nós já estávamos acostumados a fazer o espetáculo, mas alguma coisa estava errada naquele dia.
Chegou à hora do espetáculo e a apresentação começou com a estrelinha entrando na jaula. Nós fizemos todo aquele ritual de feras ferozes, enquanto ela não usava nada para se proteger. Tudo estava bem treinado. Eu em cada cena feita dava uma grande lambida no rosto da minha leoa, pois ela adorava quando eu a lambia com a minha grande língua de leão.
Terminado o espetáculo, eu dei uma lambida no rosto da estrelinha e quando ela abriu a jaula para sair, sentiu- se fraca, tonta e caiu deixando a jaula aberta. A leoa saiu da jaula e eu saí atrás dela correndo para as bexigas, nós éramos loucos por elas e nunca tivemos nenhuma na jaula.
As pessoas quando viram as feras fugindo da jaula e atacando as bexigas, fugiram apavoradas e no tumulto daquela agitação nos apavoramos e também fugimos, mas nos separamos na fuga seguindo caminhos diferentes, perseguidos como feras ferozes e ameaçadoras que atacaram à domadora, mas não era verdade, apenas lambi o rosto dela.
Correndo no escuro da noite, eu cheguei a uma grande praça cheia de árvores e comecei a marcar território nos postes e nas árvores, para que a leoa sinta o meu cheiro com seu faro e venha correndo ao meu encontro.
Atraída pelo cheiro, a leoa também chegou à praça que tinha uma escultura de leão. Ao avistá-la o leão ficou agressivo com a escultura invasora defendendo a sua fêmea linda e carinhosa, ele preferia morrer a perdê-la para outro leão.
Várias pessoas armadas com medo de serem atacadas e devoradas apareceram na praça para matar as feras perigosas. No momento em que seriam executados a estrelinha entrou correndo na frente e abraçou o leão e a leoa, acalmando-os com seu jeitinho carinhoso. O leão sentiu que foi alvejado por um tiro, ficou cambaleando e caiu na praça perto da sua estrelinha e ao lado dele estava caído o corpo da leoa também alvejado.
O leão acordou na jaula, eram tranquilizantes, olhou a leoa que ainda estava dormente e lambeu o rosto dela. Ela colocava a língua para fora tentando lamber ele também, então ele lambeu a língua dela para sentir o sabor da leoa linda.
No próximo espetáculo tudo correu como sempre, nada de anormal, menos uma coisa que mudou a vida deles para sempre. Terminada a apresentação a leoa foi até a estrelinha e lambeu a barriga dela, que falou:
- Como você sabe que estou esperando uma estrelinha?
O tempo passou e aquele estranho que apareceu e foi embora de repente sem deixar noticias, deixou uma estrelinha brilhante no nosso show.
Agora o show se chama:
“O leão, a leoa, a estrela e a estrelinha”
O leão foi até a leoa e deu uma lambida no rosto dela com a sua língua grande de leão. Virou, veio até você que está lendo e deu uma lambida no seu rosto também.
Criador de vaga-lumes
Paulo Ribeiro de Alvarenga
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