Esqueço
as palavras mudas em que a madrugada me responde, no avesso d’humana espécie. As chibatadas dos arbustos corcovados sobre o dorso, o acervo de imagens revoltas de retortas ...
(nas dobradiças desconchavas, sob o azedume do vento, chiam as portas e, de lá de fora, das manhãs de Inverno, vem agora o cheiro empapado do gelo adormecido sobre o verde das hortas).
Esqueço
o gesto circunflexo em que se desenhou lá mais atrás o Universo na boca com sabor a sangue, na gravidade desmedida das silvas entardecidas.
Bebo memórias d’amoras devoradas p’la calada da vida, num tempo sempre de bruma…
“… uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma”.
Esqueço
e tropeço na febre d’estrelas vestidas nos silêncios diurnos, acopladas aos meus olhos viajantes e nas ogivas do teu mundo.
Então, rebusco sentido na opacidade do vidro, recuo ao momento exacto da divisão celular e sinto o tempo a alongar-se ao infinito.
Projecto-me no grito e no canto lírico em pranto, confesso a confusão e o desconcerto das águas escorridas na nora ruidosa e nos alcatruzes das horas… e o seu inverso.
Subo o dorso frio do sonho metafórico, incendeio a alma já enforcada p'lo pescoço.
Andarilha, suspensa ali, ou mais além, no gume mutilado da flor em erupção, rebusco o abraço da corda desenhada na trave carunchosa da palavra.
Finco-me dormente, ausente do chão que me palmilha, substantivo e incongruente.
Intricada em signos dos teus desígnios, sou formulação de pousio, serenidade d’ecossistemas objectivada, na busca em bonomia da eficiência, da eficácia, na avaliação prosaica do puro instinto, na reformulação da causa, do propósito da caminhada. Eternamente.
Convergente no intrincado dúbio da tua mente… esqueço!
Esqueço-me de mim e, passo a passo, recomeço.
Caminho-me em alvorada!
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