O quadro inacabado!
Um dia, eu melancolicamente rabiscava uma tela
Sem eu saber qual seria o seu verdadeiro destino
Os traços, esses, iam surgindo juntos com as emoções
As cores foram-me presenteadas ainda pela memória
Do que eu ainda me recordava de ti, eram tantas, tantas
As memórias, as doces lembranças e as leves recordações
Por momentos, fechei os meus olhos, apurando os sentidos
Vi momentos lindos, ternos e tão especiais que eu, chorei!
Não poderia mais fazer voltar o tempo atrás, não tinha como
O tempo era imparcial, rude e não era misericordioso, não!
Roubou-me a juventude, a beleza, a família, apenas deixou
A terna esperança da saudade, por momentos eu me vi, ali
Correndo pelos jardins da minha infância, sentindo a alegria
Esparramar pelos quatro cantos das minhas memórias frescas
As cores tão belas, muito nítidas, sempre suaves e perfumadas
Parecia-me um toque de uma bela rosa, renascida das cinzas
O quadro ia ganhando vida, de cores e movimentos sinceros
Como a minha poesia quando ela é escrita direta do coração
Por momentos, eu estava ali, dentro da tela, a menina feliz
Sonhando com um mundo de amor, repleto de linda paz
Mas o vento fez questão de acordar, sacudindo os pinceis
As cores espalharam-se tornando os tons mais carregados
E a minha alma, desprendeu-se lentamente, leve e flutuando
Entre o claro e o escuro, entre o certo e o errado, alerta apenas
Para nunca mais se perder da tela inacabada, quem sabe um dia...
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