Com o peito nu e o queixo erguido,
Mas repleto de sonhos o coração,
Para desvendar o mundo foi-se Adão
Depois que foi expulso do paraíso.
Por mais estranho que possa parecer
Sentia-se o maior de todos os animais
Ainda sentia o gostoso sabor do saber
Sabia que precisava saber mais e mais...
Como era delícia aquela pulcra maçã
Que desceu melíflua pelas tantas tripas
Que abriram os olhos para outra manhã
Isenta das pesadas e espessas cortinas!
Descalçado no mundo ia sorrindo e feliz
Por ser único em todo aquele planeta
A prever a rota correta de um cometa
Das potências, equivalências, raiz...
Perdeu Adão o paraíso e toda proteção
Das alvuras celestiais, do perdão divino.
Porém, agora era general do seu destino.
Sua mente o guiava. Não mais o coração.
Sentia uma dor profunda e muito ferina:
Faltou-lhe o acalanto de uma costela!
Voltou-se Adão a procura daquela
Outra metade para caminhada da vida.
Disse Adão:
Que me importa a falta de um Jardim?
Que me importa plantar e arar a terra
Se ao meu lado eu tenho minha Eva
E ela meu amor e tudo mais de mim?
Que me importa se lá eu andava nu
E a Morte cruel e fria não me existia
Se agora eu tenho a tua companhia,
Sou o senhor do mundo e do céu azul?
Eva apenas sorriu e aquela boca beijou.
Do alto do céu uma nuvem parecia sorrir.
Os rios sussurravam notas em lá e si
E assim, naquele dia, nascia o Amor!
Gyl Ferrys