O tempo? Ora, o tempo!
o tempo que traz dissolução,
enrijecimento e velhice
não é, senão, um segundo tempo.
O primeiro, aí que saudades me dá!
Pura fruição, alegria, vontade de viver.
Fazia o natal, todo ano chegar em dezembro,
sempre fresco, como uma surpresa nova,
Esperança de assistir a filmes censurados
assim, como a idade que avançava.
Expectativas várias, do sexo,
o primeiro com penetração,
passar no vestibular, casar ou ir morar junto,
ter alguem pra chamar de seu,
o nascer do primeiro filho,
primeiro carro, primeira viagem internacional.
Mas, de tudo isso, desse primeiro tempo da vida,
que só depois, a partir de um segundo tempo, aprendemos a dar sentido e apreciar,
o sabemos, nós homens, lugar especial
é perceber o tornar-se mulher,
daquelas meninas, tão meninas,
nós assistimos a crescer...