Sai de casa para a paragem
Ao primeiro alvor da manhã
Com uma nota de 10€ no soutien.
Passa a carreira e começa a viagem
Até às casas das senhoras doutoras
Que não fazem a vida de casa.
Com diminutas capacidades motoras
Que a osteoporose lhe traça,
Arrasta-se até ao quiosque para comprar
A revista "Maria" e preencher um Euromilhões.
Lê um par de parágrafos a pensar
No que será aquilo dos "orgasmos"
Que naquela revista tanto se fala...
Chega a casa dos patrões,
Que são uns asnos,
Uma gente abjecta que se regala
A sujar a sala, a cozinha e os quartos.
Veste a bata, abraça a esfregona,
E calça um par de sapatos
Que a negligente dona
Abandonou no hall de entrada.
Mas num breve instante inesperado
Regressa a patroa do nada
Que ao ver a empregada
Envergar o seu calçado
A acusa de furto causando-lhe medo
Votando-a às estatíticas do desemprego.