Francis fez um verdadeiro 'tour' pelo seu passado, outras vidas, outras eras... Através do aparelho, que lhe foi apresentado pelo seu mentor, naquele recinto.
Mas compreendeu que por seus erros e acertos, teve várias 'roupagens' de formas diferentes: Algumas vindo mulher, outras homem, uma vez rica e poderosa, e na outra, pobre e servil. Assim ela foi descortinando seu "esquecimento azul", do primeiro dia ali.
Francis agora já se achava disposta a ajudar no que pudesse fazer. Sentia-se mais forte para isso. Resolveu sair da 'salinha da retrospectiva' e procurar o seu mentor.
Ela chegou ao departamento onde ele ficava: O dos novatos, e pediu a moça que estava na recepção, para dizer que ela queria falar com ele.
A moça, de jaleco branco e calça azul, muito gentil e sorridente, lhe respondeu:
_ Ah, ele já a aguardava, Francis. Pode entrar...
Francis adentrou sem bater na porta. Viu que seu mentor estava sentado atrás de uma mesa giratória, e atrás de si, havia um painel enorme, representando a Via Láctea.
Era como se pudessem entrar pelo painel e viajar através das estrelas... Muito lindo!
Ele, percebendo seu deslumbramento, disse:
_ Quer saber se poderia viajar assim, despida da massa corpórea, pelo Universo?
_ Sim, isso passou pela minha cabeça.
_ Pode sim, Francis. Aqui como te disse antes, não há os limites que na Terra se tem... Então, até isso é possível, bastam apenas 2 coisas para tal:
Permissão superior e preparo interior.
_ Peço permissão para quem, especificamente?
_ Para o Conselho de mentores. Eles analisam se está ou não, preparada para esse tipo de viagem. Com certeza que não. Pois acaba de chegar, e isso leva muito tempo, há muito o que aprender ainda, para que ingresse nessa etapa exploratória do Universo...
_ Certo. Então me preparo primeiro bastante e depois peço a permissão.
_ Isso, Francis. Disciplina é sempre muito cobrada aqui. Se o ser não tem disciplina, não tem como se livrar de sentimentos errados, mas com você, vejo que vai ser uma tarefa fácil, pois sei que é uma pessoa muito afável.
_ Afável... Quanto tempo não escuto essa palavra!
_ Bem aqui sempre usamos as palavras devidas no momento certo. As 'gírias' da Terra, perdem o sentido aqui. Aliás, se quiser aprender outra língua, que é usada para todas as colônias, matricule-se no curso de ESPERANTO. Esse é o idioma universal, para os seres que habitam as 'esferas' em volta do planeta. Assim, uma pessoa que viveu no Brasil, como você, pode se comunicar com outro que passou a vida inteira falando mandarim, por exemplo.
_ Hum... Muito interessante isso. Mas e se for por telepatia? Ele entenderá também o que lhe digo?
_ Com a telepatia é diferente da linguagem usual... Os pensamentos por si só, já são captados e entendidos seja em que idioma for. Assim também é, com as mentalizações que algumas pessoas na Terra recebem, através da psicografia.
_ Entendi. Mas vamos então cuidar, de que eu aprenda rápido tudo por aqui, para que possa explorar o Universo.
_ Calma, Francis tudo tem sua hora... Aos poucos, vai se inteirando...
_ Está bem, aliás, tenho todo o tempo disponível mesmo, sem estar presa a contagem do relógio para isso ou para aquilo, como na Terra...
_ Sim, aqui o tempo e o espaço é uma coisa só. Percebeu isso logo, não foi?
_ Claro, até porque, notei que não teve noite.
_ Há noite sim, mas para os que estão nas colônias inferiores, são orbes especialmente para pessoas que fizeram muito mal na Terra, para elas mesmas e para os outros: Suicidas, assassinos, psicopatas, sociopatas, viciados e toda sorte de desventuras humanas, que 'escurecem" o espírito.
_ Sim, li bastante sobre isso, quando estava no planeta. Mas sempre há a chance deles saírem da escuridão, isso é confortador para os que sempre amaram esses desventurados...
_ Isso é verdade. Sempre a LUZ pode chegar, e tirar um espírito dessa 'noite' que lhe cobre.
Francis sorriu concordando com ele.
Apertou sua mão agradecendo a entrevista, e seguiu para seus aposentos azuis.
Amanhã, seria mais uma nova etapa ali...
Fátima Abreu
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