Os ventos desse verão têm soprado fortemente, por consequência a poeira circula incansável pelos ares, é tanta poeira que de certa, os portadores de renite tens sofrido em demasia. A poeira sempre faz suas vítimas.
E o meu casebre não escapa da ação violenta dessas pequenas partículas de milhões de átomos. É tanta poeira que já não sei de que lado fica o quintal, pois a terra contida entre essas paredes rosa é suficiente para cultivar uma bela horta e assim comer alface orgânico. E haja espirros!
Meu rack mogno transcendeu-se a marfim, minha cama, minha super cama tens que ver os lençóis serem trocados todas as noites, do contrário eu dormiria sobre minha porção do Saara.
Minha cachorrinha branca, cinza se encontra dos espojo diários nesse empoeirado lar.
Em verdade esse casebre está sujo por demais: sobre a pia um amontoado de pratos, cuja memória fraca não permite lembrar a quantos dias se encontram lá, o banheiro, nossa! Será que tenho um banheiro? O recinto destinado às necessidades fisiológicas encontra-se em estado lastimável: muitos papéis no balde de lixo, uma camada amarelada no vaso sanitário e o piso parece um mangue, pois, a poeira quando misturada com a água proveniente do banho forma um lamaçal sem precedentes na história das residências. Nossa! Está tudo sujo, muito sujo.
Fui tomado por fadiga e consequente preguiça, ou vice-versa sei lá, cuja ação implacável, impede-me de limpar esse "cafofo". Olho para tudo isso e penso "se a minha cama estiver limpa, o mais pouco importa". Deve ser um mau olhado ou macumba, mas ("a parte mais importante da frase vem depois do mas") para quebra de urucubaca nada melhor que acontecimentos assombrosos e, eles aconteceram.
Hoje, ao chegar cansado do árduo trabalho diário deparei-me com a assombrosa revolta alheia: pelo rodapé da sala nefasta tamanha a sujeira, estava uma família de baratas se mudando, todas revoltosas e com suas mochilinhas às costas caminhavam em marcha e levantavam uma das patas em sinal de protesto, gritavam em alto e bom tom "que isso era um desrespeito, que elas não mereciam tamanho descaso e que já não podiam mais suportar a sujeira desse local". Pensando eu já ter visto bastante, ouço berros vindos da cozinha, lá chegando estava uma ratazana a reclamar os filhotes, a mesma proibia suas crias de andarem descalço, alertava atentamente sobre a necessidade de usar os tênis, pois, do contrário os ratinhos poderiam ficar doentes.
Sentei ao sofá, pus a mão no rosto em gesto de arrependimento e envergonhado decidir limpar a casa.
P. S.: Texto escrito em coautoria com Adilson de Araújo Guirra, brilhante ser humano, excelente humorista e certamente futuro grande escritor. Adilson, a quem chamo carinhosamente de "salário mínimo" é um dos mais brilhantes indivíduos que tive oportunidade de conhecer em minhas andanças em nome da Cultura do Estado da Bahia. Conheci Adilson no dia 30 de novembro de 2011, em Vitória da Conquista-BA na IV Conferência Estadual de Cultura.